Conheça o programa de cardiologia do Sabará Hospital Infantil - Hospital Sabará
Conheça o programa de cardiologia do Sabará Hospital Infantil
Notícias

Conheça o programa de cardiologia do Sabará Hospital Infantil

Conheça o programa de cardiologia do Sabará Hospital Infantil

 

Atendimento multidisciplinar e diagnóstico precoce são os diferenciais do hospital no cuidado de crianças cardiopatas

 

As cardiopatias congênitas são as malformações mais comuns entre pacientes pediátricos, e cerca de 1% da população tem alguma alteração no coração. A cardiopatia é uma anormalidade na estrutura ou função do coração que surge ainda na formação do órgão, em geral nas primeiras oito semanas de gestação.

 

Exatamente por começar ainda na vida uterina, a cardiopatia requer diagnóstico precoce para que a criança tenha um bom prognóstico. “No Sabará, conseguimos percorrer esse caminho desde o começo com uma equipe multidisciplinar: fazemos o diagnóstico fetal por meio do eletrocardiograma, decidimos quais intervenções serão necessárias, tudo em conjunto com profissionais como obstetra, fetólogo e outros especialistas. Essa união é importante porque muitas crianças cardiopatas também apresentam alterações em outros órgãos”, explica a Dra. Lily Montalván, coordenadora do departamento de Cardiologia do Sabará Hospital Infantil.

 

Como diagnosticar uma cardiopatia congênita

 

Existem inúmeros tipos de cardiopatias congênitas, e não existe receita de bolo: todos os tratamentos são diferentes entre si, mesmo quando as crianças têm exatamente o mesmo diagnóstico.

 

No Sabará, tudo começa com o eletrocardiograma fetal, que define exatamente qual alteração existe na estrutura do coração e como deve ser o tratamento. Algumas cardiopatias demandam intervenção cirúrgica logo após o nascimento, e alguns casos raros exigem uma operação ainda na barriga da mãe.

 

Embora apenas exames de imagens consigam dizer exatamente o que está errado com o coração da criança, alguns sinais podem alertar a mãe para a necessidade de fazer um pré-natal mais detalhado. “Existem fatores de risco que tornam essencial o ecocardiograma, como histórico de cardiopatias na família, gestação gemelar (gravidez com mais de um feto), idade materna avançada, uso de medicamentos pela mãe e infecções durante a gravidez”, explica Montalván.

 

Conheça as principais cardiopatias congênitas

 

Defeito do Septo Atrioventricular (DSAV)

 

Em um coração normal, existem quatro cavidades cardíacas, chamadas de átrios (paredes que funcionam como câmaras receptoras de sangue) e ventrículos (responsáveis por bombear o sangue para outros lugares do corpo).

 

Na criança com essa cardiopatia, essas válvulas não existem de forma separada, apresentando apenas um grande anel com um orifício (defeito de septo total) ou dois orifícios apenas (defeito de septo parcial).

 

“Essa cardiopatia congênita está relacionada intimamente à Síndrome de Down. A criança apresenta dificuldades de ganhar peso, quadros pulmonares frequentes de infecções, e é essencial que a correção do defeito seja urgente”, explica a médica.

 

O tratamento desta cardiopatia demanda cirurgia para a reconstrução das válvulas, além de tratamento medicamentoso.

 

Tetralogia de Fallot

 

Essa cardiopatia engloba quatro anormalidades na formação do coração: grande defeito do septo ventricular (um problema que causa deficiências alimentares e de crescimento), obstrução da via de saída do ventrículo direito (causador de cianose, coloração azul da pele por alterações na oxigenação do sangue), estenose da valva pulmonar (válvula que restringe o fluxo de sangue para os pulmões) e hipertrofia ventricular direita (aumento da espessura das paredes do ventrículos).

 

“A tetralogia é a cardiopatia congênita cianótica mais comum. Ela é bastante conhecida porque pode cruzar com crises de hipoxia (falta de oxigênio nas células e tecidos do corpo), e o prognóstico pode ser complicado. É importante o acompanhamento com um cardiopediatra para fazer a correção cirúrgica, e caso a caso os profissionais analisam se é necessária que a intervenção seja logo após o nascimento ou um pouco mais à frente”, analisa a Dra Lily Montalván.

 

Atresia pulmonar

 

Esta cardiopatia é caracterizada por uma válvula pulmonar completamente fechada, ou muito rudimentar. Isso impede a passagem de sangue do coração para o pulmão.

 

“Temos dois tipos de atresia: com CIV (comunicação interventricular) ou sem. Esse orifício serve para separar os ventrículos esquerdo e direito. Nessa cardiopatia, temos que garantir que o sangue possa chegar no pulmão, por isso é essencial a intervenção neonatal, assim que a criança nasce”, explica a médica.

 

Cirurgia de Glenn e Cirurgia de Fontan

 

Essas cirurgias englobam uma série de cardiopatias congênitas que precisam de intervenções. Todas são caracterizadas por um coração formado por apenas um ventrículo, que deve sozinho mandar sangue para o pulmão.

 

“Essas duas cirurgias ajudam essas crianças a terem um melhor prognóstico, e pode ser que o paciente precise passar por mais de uma intervenção ao logo da vida. No Sabará, fazemos um acompanhamento regular com cardiologista para garantir a saúde dessa criança”, confirma a Dra. Lily.

 

Comunicação Interatrial (CIA)

 

O coração tem dois “lados”, o direito e o esquerdo. Cada um desses lados têm os átrios, que recebem o sangue, e a parte inferior, os ventrículos, responsáveis por bombear o sangue pelo corpo. Na comunicação interatrial, essa comunicação não funciona da maneira correta.

 

“Esse defeito cardíaco permite uma mistura de sangue no plano atrial. Hoje, no Sabará, temos a possibilidade de fechar essa via de forma percutânea, em vez de uma cirurgia cardíaca, que traz mais riscos. Essa intervenção acontece por cateterismo, diminui o tempo de internação e a chance da criança precisar de ECMO [oxigenação por membrana extracorpórea, técnica que funciona como um coração artificial para a criança]”, conta a médica.

 

Coarctação de aorta

 

Essa cardiopatia se caracteriza por uma obstrução parcial da passagem do sangue na aorta, principal artéria do corpo humano.

 

De acordo com a Dra. Lily Montalván, essa cardiopatia pode se apresentar até mesmo na vida adulta. “O tratamento depende muito da dimensão dessa cardiopatia e de quando ela se apresenta. Muitas pessoas têm a forma silenciosa, que só surge na vida adulta e é descoberta por uma hipertensão, por exemplo. Na maioria dos casos, ela é descoberta logo após o nascimento, com a criança tendo falência cardíaca e entrando em choque cardiogênico [incapacidade do músculo cardíaco, podendo causar falência de órgãos e morte]”.

 

O diagnóstico fetal é difícil, mas, quando feito da forma adequada, pode salvar a vida da criança.

 

Transposição das Grandes Artérias ou Grandes Vasos (TGA)

 

Essa cardiopatia faz com que as principais artérias do coração troquem de lado, e o sangue acaba ficando pobre de oxigênio. Por ser um defeito grave, o diagnóstico precoce é essencial, já que a criança não sobrevive por mais de 30 dias sem intervenção cirúrgica.

 

“Essa cardiopatia pode ser facilmente diagnosticada no período intrauterino, o que aumenta a sobrevida da criança. No Sabará, organizamos o parto e já fazemos a intervenção nos primeiros dias da criança”, explica a Dra. Montalván.

 

Síndrome do Coração Esquerdo Hipoplásico (SHCE)

 

Nesta cardiopatia, algumas estruturas do lado esquerdo do coração são muito pequenas e pouco desenvolvidas, o que dificulta o fluxo de sangue para suprir as necessidades do corpo.

 

“Esta é uma das cardiopatias mais graves e com alta taxa de mortalidade. Por um desenvolvimento insuficiente do lado esquerdo do coração, o sangue não chega onde precisa, então precisamos reconstruir a aorta. É preciso intervir logo quando a criança nasce”, analisa a médica.

 

Truncus Arteriosus

 

Nesse defeito cardíaco, a artéria pulmonar não é dividida da forma correta, o que pode causar hipertensão pulmonar e danos irreversíveis.

 

“Essa cardiopatia é conhecida pela formação de apenas um vaso, que se torna responsável por mandar sangue para o corpo, pulmão e coronárias. Ela precisa ser corrigida logo após o nascimento, e temos que confeccionar um caminho para que o sangue chegue no pulmão. A principal complicação é a pressão pulmonar alta, e em geral ela se apresenta ao lado de síndromes genéticas, como a Síndrome de DiGeorge [doença genética rara que causa problemas cardíacos e imunológicos]”, afirma a Dra. Montalván.

 

Anomalia de Ebstein

 

“A Anomalia de Ebstein é uma má formação de uma das válvulas do coração. Como o sangue não consegue entrar, o ventrículo direito não se desenvolve corretamente e o sangue não chega na circulação pulmonar”, explica a Dra. Lily Montalván.

 

“Nessa cardiopatia, a criança nasce com a válvula tricúspide mal-formada, o que causa dificuldade de receber sangue no cérebro, rins e pulmões. Em casos nos quais o feto está sofrendo, é feita uma cirurgia de correção. Posteriormente, a criança precisará de acompanhamento para corrigir a válvula de forma definitiva”, completa o Dr. Gustavo Favaro, cardiologista e Coordenador do setor de ecocardiograma do Sabará Hospital Infantil.

 

Além do ecocardiograma fetal, é essencial que a criança com Anomalia de Ebstein tenha um suporte completo no período logo após o nascimento. O Sabará é a única instituição no Brasil reconhecida e certificada pela Extracorporeal Life Support Organização (ELSO) para o uso da ECMO, terapia utilizada para a substituição temporária do coração e pulmões, permitindo que o sangue seja oxigenado e entregue pelo corpo.

 

 

Tire suas dúvidas pelo nosso Cuidador Virtual