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Transposição das Grandes Artérias ou Grandes Vasos (TGA)
A Transposição das Grandes Artérias (TGA) é definida pela saída da aorta do ventrículo direito e a artéria pulmonar do ventrículo esquerdo, estando cada átrio conectado ao seu respectivo ventrículo. Ou seja, nesta cardiopatia, as artérias principais do coração trocaram de lado!
E o que isso significa? Para entender, vamos lembrar a circulação sanguínea: o sangue do corpo, com pouco oxigênio, chega através das veias cavas superior e inferior ao átrio direito. Do átrio direito, passa pela valva tricúspide, chega ao ventrículo direito, é bombeado para a artéria pulmonar, atingindo os pulmões, onde recebe oxigênio. Dos pulmões, retorna ao coração por vasinhos chamados veias pulmonares, caem no átrio esquerdo, passam pela valva mitral, chegam ao ventrículo esquerdo, de onde é bombeado para a aorta, retornando para o corpo.
Na TGA, o sangue pobre em oxigênio chega ao ventrículo direito e é bombeado para a aorta, voltando para o corpo, sem passar pelo pulmão. Por sua vez, o sangue rico em oxigênio que sai do pulmão, chega ao ventrículo esquerdo, que bombeia sangue novamente para o pulmão. Dessa forma, existem duas circulações em paralelo, uma de cada lado do coração, e o sangue não se renova. É uma condição incompatível com a vida, já que todos os órgãos precisam de oxigênio para funcionar. Portanto, na TGA é indispensável a existência de uma comunicação ou canal, através da qual ocorre a mistura do sangue entre os dois lados do coração.
A mistura do sangue pode acontecer por uma comunicação interatrial (orifício no septo que separa os átrios, “CIA”), por uma comunicação interventricular (orifício no septo que separa os ventrículos, “CIV”) ou pelo canal arterial (vaso que comunica a aorta e a artéria pulmonar, essencial na circulação intrauterina, que está presente em todo o recém-nascido e fecha sozinho após horas ou poucos dias de vida).
Assim, todo bebê com TGA precisa receber medicação na veia logo depois que nasce para garantir que o canal arterial fique aberto, já que geralmente é difícil saber se as outras comunicações terão tamanho suficiente para garantir a mistura adequada do sangue. O recém-nascido precisa sempre ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Tratamento
A TGA é uma doença grave e o recém-nascido precisa ficar internado na UTI. É monitorizado e recebe uma medicação muito importante, chamada prostaglandina, que é indispensável para manter o canal arterial aberto e permitir a mistura de sangue entre as circulações do lado direito e esquerdo do coração. A prostaglandina é uma medicação administrada na veia, continuamente (durante todo o tempo, sem intervalos). O bebê pode necessitar de ventilação mecânica e de medicações que ajudam na função do coração, chamadas drogas vasoativas.
Todo bebê com TGA precisa realizar cirurgia cardíaca. Alguns, entretanto, antes de operar, necessitam de cateterismo.
Cateterismo Cardíaco:
- Às vezes precisa ser realizado na urgência, quando a CIA é restritiva (muito pequena) ou há apenas um forame oval patente (“FOP”, orifício bem pequeno, causado pela separação do septo interatrial, importante para a circulação fetal e que fecha sozinho após o nascimento). Nestes casos, o bebê é bem cianótico (“roxinho”) porque há pouca mistura de sangue. Pelo cateterismo, é realizado um procedimento denominado atriosseptostomia (ou “Rashkind”) e tem a função de aumentar a comunicação entre os átrios e favorecer a mistura de sangue, ajudando a melhorar a circulação. Um cateter (tubinho flexível) é levado até o coração, entrando por uma veia da perna. Neste cateter, há um pequeno balão (semelhante a uma “bexiga canudo”) que, quando chega ao septo interatrial, é inflado, aumentando o tamanho da CIA ou do FOP. Após, o bebê melhora a saturação e consegue aguardar até a realização da cirurgia.
Cirurgia Cardíaca:
- É obrigatória para todo bebê com TGA. A operação de escolha é a Cirurgia de Jatene, também chamada de “switch arterial”, na qual os troncos da aorta e da artéria pulmonar são recolocadas em suas posições corretas.
- Para alguns bebês com diagnóstico tardio da TGA ou aqueles que apresentam TGA com defeitos específicos associados (como estenose da valva pulmonar ou alterações das coronárias), são realizados outros tipos de cirurgia. Uma destas é a cirurgia de Senning (“switch venoso”), na qual são confeccionados túneis dentro dos átrios, canalizando as veias cavas para o átrio esquerdo e as veias pulmonares para o átrio direito, sem mexer na aorta nem na artéria pulmonar. Com esta cirurgia, o caminho do sangue será o seguinte: as veias cavas trazem o sangue do corpo para o átrio esquerdo, o sangue passa pela valva mitral para o ventrículo esquerdo, que bombeia o sangue para a artéria pulmonar e, consequentemente, para os pulmões. Nos pulmões, o sangue é oxigenado e volta ao coração pelas veias pulmonares, cai no átrio direito, passa pela valva tricúspide, chega ao ventrículo direito, é bombeado para a aorta e chega ao corpo. Assim, são corrigidas as circulações. O problema é que, quando realizado o Senning, o ventrículo direito ainda fica conectado à aorta e, acaba trabalhando mais do que aguenta, ficando fraco com o passar do tempo.
- Como cada bebê com TGA é avaliado individualmente, ainda podem ser propostas opções cirúrgicas mais específicas, diferentes das descritas acima, mas que, se indicadas, serão explicadas detalhadamente pelo cirurgião cardíaco e pelo cardiologista pediátrico.
Com a realização da cirurgia de Jatene (a mais comum), o bebê cresce e se desenvolve bem. A criança leva uma vida normal, com algumas restrições, devendo acompanhar regularmente com o cardiologista pediátrico, utilizando as medicações necessárias, seguindo as orientações e questionando as dúvidas.
Perguntas Frequentes
1. Acontece em muitas crianças?
A TGA corresponde a 5% das cardiopatias congênitas e acomete cerca de 20 a 30 crianças para cada 100 mil nascidos vivos.
Sabará Hospital Infantil
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