Prática de esportes e escolaridade: saiba mitos e verdades sobre a vida de crianças com cardiopatia congênita
Diagnóstico precoce e acompanhamento médico de qualidade evitam sequelas e promovem qualidade de vida a longo prazo
Para cada mil crianças nascidas no Brasil, existem 10 casos de cardiopatia congênita. Ao todo, são cerca de 30 mil crianças por ano, e o tratamento deve começar ainda no útero da mãe, quando as primeiras anormalidades podem ser vistas por meio do ecocardiograma.
A cardiopatia congênita é considerada qualquer anormalidade na estrutura ou função do coração, e surge nas primeiras oito semanas de gestação. “O diagnóstico é feito desde o período intrauterino, permitindo a programação de um parto que traga assistência para esse recém-nascido cardiopata já na sala de parto. Essa criança já recebe em suas primeiras horas um plano de tratamento, o que tem impacto positivo na evolução da cardiopatia”, explica a Dra. Lily Montalván, Coordenadora do Programa de Cardiologia do Sabará Hospital Infantil.
Por ser um órgão tão complexo, o coração pode apresentar inúmeras anormalidades, muitas nunca vistas pelos especialistas. Essa complexidade assusta as famílias, que temem que seus pequenos não tenham qualidade de vida a longo prazo e uma vida adulta saudável. São muitos os mitos que envolvem o tratamento da cardiopatia, mas a verdade é que crianças e jovens podem ter uma evolução otimista da doença, mantendo qualidade de vida e participando de atividades sociais cotidianas.
Mitos e verdades
A criança cardiopata pode frequentar a escola?
“Estimular o desenvolvimento social e intelectual faz parte da atenção à saúde de qualquer criança! Claro que teremos que ter cuidados com ferida operatória no retorno de uma cirurgia, como evitar impactos na região da cirurgia, mas poder ter sua rotina de volta ao normal também garante uma recuperação saudável”, explica a Dra. Montalván.
Como será a vida adulta?
Para a especialista, o importante é que o tratamento foque no desenvolvimento pleno da vida dos pequenos, para que a fase adulta seja vivida com autonomia. “Com o acompanhamento cardiológico periódico e cuidados persistentes, podemos ver adultos cursando diversas faculdades, sendo pais e mães, dirigindo e participando de esportes competitivos”.
O único tratamento da cardiopatia é a cirurgia?
A multiplicidade de cardiopatias também reflete em tratamentos específicos para cada caso. “Podemos propiciar, além da cirurgia, procedimentos por meio de intervenções percutâneas, com o uso de cateteres que chegam ao coração e fecham defeitos, ou avaliam a estrutura do órgão”, explica a cardiopediatra.
E os chamados “buracos” no coração da criança? Eles desaparecem com o crescimento?
Durante o pré-natal, o ultrassom pode detectar pequenos buracos no coração da criança, que podem ou não se tornar problemáticos de acordo com cada caso. Para a Dra. Montalván, só o tratamento focado em cada criança poderá determinar o tratamento. “Há buraquinhos no coração que fecham espontaneamente durante a primeira infância; o acompanhamento constante ajuda o cardiopediatra a avaliar a necessidade ou não de intervenção”.
Minha criança cardiopata passou por uma cirurgia. Ela precisará de acompanhamento médico por toda a vida?
“Ela precisará ser acompanhada por um médico que conheça seu histórico, além de dividir esses cuidados com um especialista em cardiopatia congênita na vida adulta”, explica a médica.