Pé Torto Congênito - Hospital Sabará
 
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Pé Torto Congênito

O pé torto congênito idiopático é a deformidade músculo esquelética congênita mais comum ao nascimento. Ocorre em cerca de um para cada 750 crianças nascidas vivas. É duas vezes mais frequente em meninos e acontece em ambos os pés em 50% dos casos. (PONSETI, 1996) No mundo, nascem cerca de 200 mil crianças com a deformidade ao ano. Isso significa uma a cada três minutos. A maioria dos casos acontece em países em desenvolvimento, nos quais as taxas de natalidade são mais altas. No Brasil existem cerca de 4000 crianças nascidas com pé torto anualmente. O diagnóstico pode ser feito intraútero por meio de ultrassom a partir do 1º trimestre da gestação. No nosso meio, entretanto, a maioria dos casos é conhecida apenas ao nascimento. A deformidade do pé é tridimensional e consiste em: adução (para dentro), equino (para baixo), cavo (aumento do arco longitudinal medial) e varo (parte posterior do pé voltada para dentro). A evolução natural da deformidade é limitante funcionalmente para o paciente desde os primeiros anos de vida, além de ter grande impacto social e emocional para ele e para a sua família.



Tratamento

O tratamento do pé torto congênito até o início dos anos 2000 era essencialmente cirúrgico. Por meio de procedimentos que envolviam partes moles do pé como ligamentos, cápsulas e tendões, os pés eram corrigidos exageradamente. Os resultados a médio e a longo prazo deste tipo de tratamento eram pobres e traziam complicações como fraqueza muscular, artrite, dor e deformidade residual, sendo frequentes as cirurgas recorrentes. (Dobbs e Gurnett, 2009) Em meados dos anos 2000, o método Ponseti, por ser um tratamento não invasivo, de baixo custo e com ótimos resultados a curto e a longo prazo, revolucionou a história do pé torto congênito. Porém, esta transição não foi simples já que representava a introdução de uma nova tecnologia para todos os que tratavam crianças com esta deformidade.

Atualmente, o Método Ponseti é utilizado internacionalmente como padrão ouro para o tratamento do pé torto em casos de crianças pequenas ainda não tratadas, em casos de início tardio e também em casos que já apresentaram falhas de tratamento. (Bor et al., 2006) O tratamento deve idealmente ser iniciado nas primeiras semanas de vida da criança e consiste em manipulações específicas dos pés e a colocação de cinco a sete gessos seriados semanais, . A cada semana o pé é posicionado de maneira diferente, com maior abdução, em busca do caminho para a correção. Com a realização destas manobras, a parte anterior do osso calcâneo descreve um trajeto de medial para lateral, junto com todo o mediopé a partir da fixação do tálus por um contra apoio digital em sua face lateral. (Ponseti, 1996)

A correção do pé foi proposta seguindo a mobilidade da articulação entre o tálus e o calcâneo (articulação subtalar), também importante para a correção é a capacidade das partes moles de produzir mais tecido quando imobilizadas em tensão (Ponseti, 1996). Os gessos são aplicados por um ortopedista especialista treinado, ajudado por outra pessoa (geralmente técnico de gesso), inicialmente no pé e na perna, cuidadosamente posicionados na posição de máxima correção e depois na coxa, com o joelho fletido a 90 graus. Antes do último gesso, caracterizado quando se obtém uma abdução do pé de 70 graus, é realizada a secção completa do ligamento calcâneo, a tenotomia do Aquiles. (Ponseti, 1996).

Após a retirada deste gesso, o pé já está corrigido e segue-se o uso de uma órtese de abdução que consiste em um par de sapatos de couro, abertos na frente, conectados por uma barra firme preferencialmente com leve convexidade. A órtese mantém a posição em abdução máxima do pé, permitindo a mobilidade dos joelhos e quadril.

O uso da órtese de abdução é muito importante para a manutenção da correção obtida e para evitar recidivas já que os pés se comportam como se houvesse uma memória biológica da deformidade inicial; essa tendência diminui proporcionalmente ao crescimento da criança. O uso da órtese é convencionado como contínuo por 23 horas ao dia durante três meses e depois por 14 horas noturnas até os quatro anos de idade. (Ponseti, 1996; Morcuende et al., 2004).

Estudos recentes mostram que uma clínica de referência Ponseti sob supervisão de um ortopedista especialista treinado, atendendo um período por semana em um mesmo hospital, apresenta melhor resultado, maior efetividade e adesão ao uso da órtese, menor índice de recidivas e menor abandono do tratamento pelas famílias do que clínicas que são atendidas por diversos profissionais (Dobbs, 2015).

Com a utilização do Método Ponseti, a cirurgia grande tradicional, tão custosa para os planos de saúde e muitas vezes realizadas de forma repetitiva, não é mais necessária. (MORCUENDE 2004, MORCUENDE 2004) O tratamento do pé torto congênito pelo Método é simples, de baixo custo (sendo pelo menos sete vezes menos que cada cirurgia corretiva) ambulatorial, e tem demonstrado ser efetivo em mais de 95 % das vezes, quando bem empregado por ortopedista especialista treinado (DOBBS 2004). Os resultando são: pés flexíveis, indolores, com excelente aparência, que permite o uso de sapatos convencionais e até a prática de esportes de alta performance por pacientes que nasceram com pé torto congênito.

 

A Clínica de Excelência do Pé Torto Congênito - Centro de Excelência

O pé torto congênito pode ser identificado na gestação e o tratamento precoce proporciona vida normal à criança. O tratamento, conhecido por Método Ponseti, consiste na utilização de gesso por cinco semanas seguidas, que são trocados semanalmente, cirurgia e uso de botas ortopédicas até os quatro anos de idade.

“Assim que o problema for detectado, o bebê deve seguir com um acompanhamento de ortopedista pediátrico para a realização correta do tratamento adequado que é muito eficaz, principalmente se iniciado logo nos primeiros meses de vida”, explica a Dra. Tatiana Guerschman, especialista no Método Ponseti no Brasil e ortopedista do Centro de Excelência do Sabará Hospital Infantil, que possui cuidados focados nessa doença.

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