Glúten - Hospital Sabará
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Glúten

As pessoas com doença celíaca têm intolerância à gliadina, um componente de proteína de glúten encontrada em muitos grãos.

Os sintomas da doença celíaca podem, inicialmente, aparecer depois da introdução de cereais ao bebê, e pode aparecer com irritação. A criança cresce, mas ganham pouco peso e até mesmo pode perder peso. Ela apresenta, muitas vezes, diarreia crônica, embora alguns bebês possam ser constipados, e também podem vomitar ou ter fezes claras ou malcheirosas.

Essa intolerância alimentar é cada vez mais comum, afetando cerca de 1 em 80 para 1 em 300 crianças, mas pode ser difícil de diagnosticar. Os sintomas podem aparecer bem depois da infância. Pode ter um componente familiar, sendo mais comum em pessoas de ascendência europeia e do Oriente Médio.

O único tratamento para a doença celíaca é evitar, ao longo da vida, cereais, massas, pães e assados feitos com grãos que contenham glúten. Além disso, crianças com essa doença precisam ficar longe de alimentos produzidos comercialmente, tais como sopas enlatadas e ensopados espessados com grãos processados e cereais. Mesmo pequenas quantidades de glúten podem causar sintomas em seu filho.

O pediatra irá fornecer aconselhamento dietético e encaminhá-lo a um nutricionista para orientação nutricional.
No Brasil, é obrigatório, nos rótulos dos alimentos, constar se existe glúten naquele pacote. Procure observar essa rotulação, pois muitos supermercados e padarias já vendem produtos sem glúten (para massas de pães).

Além disso, porque os sintomas da doença celíaca são muitas vezes semelhantes aos de outras condições médicas, o médico poderá recomendar testes de diagnóstico, como exames de sangue, para verificar níveis elevados de anticorpos específicos (proteínas especializadas no sistema imunológico), ou uma biópsia que tira uma amostra do tecido do intestino delgado através de um tubo fino (endoscópio).

Como a doença celíaca pode ser um distúrbio grave e é uma condição ao longo da vida, a confirmação diagnóstica é necessária.

Como essa doença tende a ocorrer em famílias, os familiares de uma criança com doença celíaca podem decidir ser testados também, especialmente se houver inexplicáveis problemas médicos.

Meu filho precisa de uma dieta livre de glúten?
Ultimamente, dietas livres de glúten estão recebendo bastante atenção na mídia. Dietas sem glúten têm sido associadas a aumento de energia, melhora de concentração, cura de males digestivos e até mesmo podem melhorar os sintomas do autismo e ADHD em crianças. Com tantas coisas boas, é difícil não se perguntar se o seu filho não pode se beneficiar de uma dieta livre de glúten.

O glúten é uma proteína encontrada em certos grãos, como trigo, cevada e centeio. Porque o glúten ajuda a tornar os alimentos mais saborosos e melhora a sua textura, também é adicionado a tudo, desde a charcutaria (salsichas, salames etc.) até às batatas fritas.

Para a maioria das crianças, o glúten é completamente inofensivo, com duas exceções;

  1. Crianças que foram diagnosticados como portadoras de doença celíaca.
  2. Crianças que foram diagnosticados com doença não-celíaca com sensibilidade ao glúten.

O que são exatamente a doença celíaca e não celíaca com sensibilidade ao glúten?
A doença celíaca é uma condição autoimune que afeta uma em cada 133 pessoas. Para crianças com doença celíaca, até mesmo o menor pedaço de glúten pode significar problemas, desencadeando a liberação de anticorpos que atacam as paredes do intestino causando danos, tornando-se difícil de absorver muitos dos nutrientes que as crianças precisam para crescer e se desenvolver. Eles também podem causar muitos sintomas desagradáveis, como gases, flatulência, diarreia e perda de peso ou ganho de peso. Doença celíaca não tratada também pode levar a complicações, como anemia, distúrbios neurológicos e osteoporose.

Já os não celíacos com sensibilidade ao glúten (NCSG) acredita-se serem mais generalizados, afetando um número estimado de 18 milhões de pessoas nos Estados Unidos, não havendo estatística no Brasil. É semelhante à doença celíaca, uma vez que também envolve uma reação imunológica ao glúten. Mas, ao contrário de doença celíaca, não chega a causar danos no intestino. Assim, enquanto uma criança com NCSG pode ter muitos sintomas semelhantes, não terá o mesmo dano intestinal e, como consequência, as deficiências nutricionais ou complicações no longo prazo.

Atualmente, o único tratamento para a doença celíaca ou NCGS é uma dieta sem glúten. A dieta sem glúten é extremamente restritiva para que possa ser efetiva. Sendo assim, é difícil para uma criança segui-la, e também pode ser psicológica e socialmente desafiadora. Festas de aniversário, comer fora e até a hora do lanche na escola podem ser uma tarefa difícil.

Mas a boa notícia é que, quando crianças com doença celíaca retiram o glúten da dieta, seu crescimento volta ao normal e os sintomas melhoram rapidamente, de acordo com artigo publicado em 2008 no Journal of the American Dietetic Association.

Se você suspeita que seu filho tenha doença celíaca ou NCGS, os especialistas recomendam que ele seja examinado pelo pediatra antes que se retire o glúten da dieta. Na verdade, os testes para essas condições só funcionam se seu filho estiver comendo uma dieta que contenha glúten.

Porque o glúten é encontrado em tantos alimentos, restringi-lo desnecessariamente pode fazer com que seu filho perca nutrientes importantes, como vitaminas B e ferro, que são encontrados em alimentos enriquecidos, como cereais, pão, macarrão etc.

Se, após o teste, seu filho precisar ficar sem glúten, poderá ser acompanhado por um nutricionista, que ajudará a desenvolver um plano que garanta que ele receba todos os nutrientes necessários para ter uma saúde ótima.

Autor: Dr. José Luiz Setúbal
Fontes: traduzido e adaptado do Journal of the American Dietetic Association (2008)
Kids Eat Right – Dra. Karen Ansel



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