Série “Pescocinho Livre” mostra trabalho do Programa Aerodigestivo e a importância do atendimento multidisciplinar em crianças traqueostomizadas - Hospital Sabará
Série “Pescocinho Livre” mostra trabalho do Programa Aerodigestivo e a importância do atendimento multidisciplinar em crianças traqueostomizadas
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Série “Pescocinho Livre” mostra trabalho do Programa Aerodigestivo e a importância do atendimento multidisciplinar em crianças traqueostomizadas

Os vídeos contam a história de Nadine, paciente internada no Sabará após um parto prematuro e com dificuldades para respirar

Em 2019, Elisângela Ferreira e Reginaldo dos Santos Júnior receberam a notícia de que sua filha, a pequena Nadine, teria que passar por uma traqueostomia. Desolados, os dois começaram a pesquisar sobre o que aconteceria com a filha, e receberam o apoio e aconselhamento da equipe da Dra. Saramira Bohadana, coordenadora do Programa Aerodigestivo do Sabará.

Quando a traqueostomia foi indicada, foi muito difícil para nós aceitarmos. Não tínhamos nenhum conhecimento se seria bom pra ela e como isso impactaria a nossa vida”, explica o pai da paciente.

A traqueostomia é um pequeno orifício no pescoço feito por meio de cirurgia, para colocação de uma cânula – que pode ser fundamental em algumas situações para ajudar a criança a respirar. O procedimento é indicado, por exemplo, no caso de pacientes por estenose da laringe, que estão em ventilação pulmonar mecânica por tempo prolongado ou que tenham certas doenças neurológicas ou neuromusculares.

Nadine nasceu prematura, uma das condições que mais afeta a saúde dos recém-nascidos. Como seus pulmões não estavam desenvolvidos na época do nascimento, ela precisou ser entubada. “Por ter nascido tão cedo, a Nadine desenvolveu uma estenose em decorrência da intubação prolongada. A traqueostomia veio para estabilizar esse pulmão e permitir que ela respirasse por conta própria. Todo esse processo de estabilização pode levar entre dois e três anos“, explica a Dra. Bohadana.

Quando a criança com traqueostomia chega ao grupo Aerodigestivo, ela é avaliada de forma multidisciplinar, sendo atendida por Pneumologista, Gastroenterologista, Fonoaudiólogo e Nutricionista. A intenção é que a criança seja avaliada como um todo, por uma equipe de especialistas que se reúne para discutir o diagnóstico e planejar o tratamento mais adequado para a criança.

Desta forma, facilita o cuidado para a família que obtém o tratamento necessário em um único centro e, consequentemente, melhorando a qualidade de vida do paciente. “As crianças com traqueostomia têm algumas limitações, mas quando elas são decanuladas precocemente, isso têm um menor impacto na qualidade de vida. A decanulação ajuda na aquisição de linguagem, na vida social, na frequência escolar e na convivência com a família“, completa a médica.

A traqueostomia trouxe dúvidas para a família de Nadine, que logo foram dissipadas com a crescente qualidade de vida da pequena. “A traqueo permitiu que a gente trouxesse nossa filha para casa, senão ela ia viver no hospital. Tivemos um apoio muito grande da equipe do Aerodigestivo, que nos ensinou como fazer o esquema de home care e os medicamentos que ela precisava tomar”, explica a mãe.

O acompanhamento multidisciplinar foi essencial para a saúde da Nadine, ao analisar de perto possíveis complicações e problemas trazidos pela prematuridade. “Crianças com traqueostomia precisam de um acompanhamento com o pneumologista, para evitar infecções e agravos pulmonares, além da recuperação da parte pulmonar que vem com o crescimento”, explica a Dra. Miriam Eller, pneumologista do Sabará.

“Na parte da nutrição, o acompanhamento das crianças com traqueostomia é essencial, para que elas cheguem no pré-operatório com um bom peso, ajudando na cicatrização, na fisioterapia respiratória e redução de riscos”, completa Tânia Regina Caserta Martini, nutróloga do hospital.

Nadine também recebeu acompanhamento gastrointestinal, corrigindo questões relacionadas a prematuridade e a traqueostomia. “Muitas das crianças traqueostomizadas com doenças na via aérea superior apresentam alguma doença gastrointestinal associada. A doença do refluxo gastroesofágico, por exemplo, compromete também a evolução do ponto de vista respiratório. É mandatório que a gente tenha condição de investigar e tratar essas crianças”, analisa a Dra. Cristiane Boe, Gastroenterologista do Sabará.

Quando Nadine já estava com o quadro de saúde estabilizado e os pulmões mais fortes, a equipe da Dra. Saramira Bohadana fez uma cirurgia de sete horas de reconstrução laringotraqueal, reconstruindo a via aérea da paciente com enxertos de costela. Ela permaneceu entubada por uma semana, para que o tubo nasotraqueal servisse como modelo para a traqueia.

Três semanas após a cirurgia, Nadine estava pronta para ir para casa, mas o processo foi interrompido por uma complicação: um dos enxertos estava se desprendendo e foi necessária uma nova revisão endoscópica para entender o que estava ocorrendo. “Após esse momento, tivemos medo que todo o caminho que percorremos acabasse dando errado e ela voltasse para a traqueostomia. A vontade dela de melhorar e respirar sozinha foi essencial para o sucesso da revisão e pouco depois ela teve alta”, comemora a médica.

Assista abaixo a série completa com a história de Nadine!

Aerodigestivo Nadine – Traqueo: https://youtu.be/Axz98Mi3sPk

Aerodigestivo  – Decanulação: https://youtu.be/lEWMI-pQ0Lk

Aerodigestivo  – Pescoço livre: https://youtu.be/87uBdc2Jg68

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