Diagnóstico precoce e tratamento multidisciplinar fazem a diferença em casos de câncer pediátrico
Cerca de 80% dos casos podem ser curados com detecção na época correta e tratamento focado
Embora seja um diagnóstico difícil para os pacientes e suas famílias, o câncer pediátrico não precisa ter um prognóstico sombrio. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidos pela doença podem ser curados se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados.
Além dos casos de cura, o tratamento adequado traz também boa qualidade de vida e poucas sequelas a longo prazo devido à menor toxicidade dos medicamentos. “Aqui no Sabará, a partir de uma parceria com o A.C. Camargo Cancer Center, conseguimos fazer um acompanhamento humanizado e multidisciplinar. Desde o tratamento médico personalizado, utilizando as mais avançadas técnicas para diagnóstico, até o suporte multidisciplinar, incluindo o pedagógico, minimizando o prejuízo escolar. Nosso objetivo é que essa fase tenha o mínimo de impacto na vida da criança após a cura”, explica a Dra. Viviane Sonaglio, líder do Grupo de Oncologia Pediátrica do AC Camargo/Sabará.
Sucesso do prognóstico depende do diagnóstico precoce e acompanhamento médico constante
Diferentemente do câncer nos adultos, o câncer infantojuvenil se concentra em diagnósticos como leucemia (que afeta os glóbulos brancos), linfoma (que atinge os linfócitos, um tipo de célula de defesa do organismo), cânceres hematológicos como um todo, tumores cerebrais e neuroblastoma (que afeta as células do sistema nervoso).
O que define as chances de cura e as possibilidades de tratamento para cada câncer é o diagnóstico precoce, logo no início dos sintomas. “O grande desafio do diagnóstico deve-se ao fato de que, no início, a criança apresenta sintomas muito comuns a outras doenças da infância, como febre, gânglios inchados, palidez, manchas roxas, dor de barriga e dor de cabeça. Isso dificulta o diagnóstico precoce, porém é quando temos maior chance de controle da doença – cerca de 80% de chance de cura. Mas, a única possibilidade de diagnosticar essa criança na hora certa é ter um acompanhamento de um pediatra de confiança, frequente e que terá mais propriedade para dizer quando, por exemplo, uma febre não está evoluindo como esperado ou quando algum sintoma precisa ser investigado“, afirma a especialista.
Quando a criança chega no Pronto-Socorro com algum sintoma isolado, dificilmente os médicos conseguirão suspeitar de um possível quadro de câncer. “Se a criança chega no hospital com dor de cabeça, você não pede uma ressonância. O câncer é uma doença rara nesta faixa etária. Por isso, é tão importante o acompanhamento médico constante, porque o pediatra da criança vai saber se a febre baixa está sempre ali, se a dor de cabeça existe faz um tempo e como esse quadro evoluiu nos últimos meses. Quando a criança chega na fase de apresentar muitos sintomas e o diagnóstico fica mais claro, o prognóstico já não é tão bom”, completa a médica.
Novas terapias evitam danos ao organismo e ajudam na qualidade de vida
O câncer infantil no imaginário popular está muito ligado a longas sessões de quimioterapia, perda de cabelo e saúde em declínio. Essa realidade mudou muito nos últimos anos, com o desenvolvimento de remédios e tratamentos de ponta que lidam de forma mais específica com cada tumor.
“O tratamento do câncer é feito por quimioterapia, radioterapia, cirurgia e, mais recentemente, temos disponíveis as terapias alvo e imunoterapia. Após avaliação minuciosa do caso, podemos indicar uma modalidade de tratamento ou uma combinação deles. Hoje temos, por exemplo, novas terapias para leucemia, neuroblastoma, tumores cerebrais… onde o medicamento usado é muito específico, o que traz maior chance de cura com menor toxicidade”, explica a Dra. Viviane Sonaglio.
População de risco precisa de acompanhamento médico atento para diagnóstico precoce de câncer
O monitoramento feito por equipe multidisciplinar, caso da parceria entre o Sabará e o AC Camargo, auxilia no diagnóstico precoce de síndromes que predispõem ao câncer infantil.
Esses pacientes fazem parte de uma população de risco para o desenvolvimento de neoplasias. Pacientes que apresentam, por exemplo, hemihipertrofia isolada (quando um dos lados ou parte dele é maior do que o outro) ou aqueles que apresentam a síndrome de Beckwith-Wiedemann (hemihipertrofia, visceromegalia e macroglossia) têm chance maior de desenvolvimento de tumores embrionários, especialmente, nefroblastoma e hepatoblastoma.
Outro exemplo são os pacientes portadores de síndrome de Down, que têm uma frequência de neoplasias do sistema hematopoiético 40 vezes maior do que a população sem a síndrome.