Dia do Médico: duas gerações de pediatras falam dos desafios atuais da profissão  - Hospital Sabará
Dia do Médico: duas gerações de pediatras falam dos desafios atuais da profissão 
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Dia do Médico: duas gerações de pediatras falam dos desafios atuais da profissão 

Em decorrência da pandemia de Covid-19, muito tem se discutido nos últimos tempos sobre a importância da organização de medidas de saúde coletiva para o enfrentamento da doença. Nesse sentido, o papel do médico, – dentre outros agentes sociais -, está cada vez mais sendo colocado em pauta. Para além do cuidado clínico, quais são os outros desafios e compromissos do profissional que exerce a medicina? 

No Dia do Médico, celebrado neste 18 de outubro, conversamos com um dos pediatras que atuam há mais tempo no Sabará Hospital Infantil e também com uma das mais jovens para ouvi-los sobre como tem sido atuar na profissão atualmente. Um papo que nos faz emergir do contexto de doença para lembrar que o cuidado também passa necessariamente pelo acolhimento, escuta e ciência. Chega mais, nossos especialistas vão te contar como querem estar próximos de você!       

 

Medicina: uma profissão a serviço da saúde

Quando pensamos na figura do médico, é comum, de imediato, associarmos a capacidade de auxílio à cura de doenças que esse profissional pode oferecer. No entanto, mais do que dar suporte ao adoecimento, a prática médica também envolve um cuidado anterior, com ações preventivas e de promoção do bem-estar do indivíduo e das pessoas ao seu redor. 

Nesse sentido, no Código de Ética Médica, no capítulo dos Princípios Fundamentais, está definido que a “a medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza”. Em seguida, o documento ainda reafirma: “O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional”.

Um olhar atencioso e integral ao paciente é o que também acreditamos no Sabará Hospital Infantil. Entre os nossos valores e crenças, para além da assistência clínica de excelência, cultivamos o cuidar com compaixão, cooperação e comprometimento. O Dr. David Elias Nisenbaum, coordenador da Unidade de Internação e presidente do Comitê de Ética do nosso hospital, atuando há 46 anos como pediatra, compartilha como entende o exercício da profissão: “Quando eu estou tratando uma criança e atendendo também os pais, eu não penso que só vou tratar a doença e acabou. A gente tem que fazer todo um conjunto. Eu não sou homeopata, mas você tem que pensar na pessoa como um ser holístico, quer dizer, tem a parte física e mental.”

 

Não há cuidado sem escuta 

Para quem atua há tantos anos na profissão, é emocionante ver o quanto a evolução da medicina tem permitido novas perspectivas de vida para as crianças, especialmente aquelas com doenças mais complexas. “Hoje em dia você tem muito mais tecnologia para te ajudar a fazer diagnósticos. Então, por exemplo, uma criança que quando eu comecei há quarenta anos atrás e, às vezes, tinha uma doença que ninguém sabia, hoje tem alguns exames que possibilitam saber o que é”, celebra Nisenbaum.

Porém, ao refletir sobre os desafios atuais do exercício da profissão, o pediatra chama a atenção que o domínio técnico não pode excluir o acolhimento ao paciente. “Agora o que me entristece, às vezes, é que os médicos hoje só querem usar a tecnologia. Eles esquecem que lá tem um ser humano. Então, às vezes, você vai fazer uma consulta e ele nem te ouve e já te pede ‘500 milhões’ de exames e fala: ‘Aí você volta’. E ele nem te ouviu. Então, uma das partes mais importantes da relação médico-paciente é você ouvir o paciente. Você tem que ouvir ele, e aí você vai deduzir o que está acontecendo”. 

A humanização é um valor que está presente em todo o nosso hospital, desde a chegada do paciente e sua família até o momento de alta. Para isso, cuidamos também de todas as pessoas da nossa equipe envolvidas no processo de tratamento da criança. Nisenbaum conta como através da formação de novos profissionais, esperamos espalhar sementinhas do cuidado humanizado: “O que eu espero do futuro da medicina é que a gente possa dar atenção para os pacientes. Os residentes que passaram pelo Sabará, a gente tenta incutir isso”. 

 

Sementes que germinam 

Em dezembro, a Dra. Layla Faleiros completará cinco anos de formada em medicina. Após a graduação, cursou dois anos de Pediatria e, em 2019, ingressou no Programa de Residência de Medicina Intensiva Pediátrica da Fundação José Luiz Egydio Setúbal. Ela fez parte da primeira turma da especialização oferecida pela instituição, que é mantenedora do Sabará Hospital Infantil.     

Os médicos participantes da residência têm a oportunidade de acompanhar o dia a dia do nosso hospital pediátrico, além de estarem em contato com pesquisadores e profissionais de excelência em saúde infantil. No fim de 2020, a Dra. Faleiros finalizou a especialização e foi incorporada à equipe de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Sabará. A médica conta um pouco da sua vivência com a abordagem adotada pelo nosso hospital: “Quando a gente vê que uma mãe está muito nervosa, a gente tenta demandar mais energia de conversar com aquela mãe, de explicar o que está acontecendo, de perguntar ativamente o que ela está entendendo do quadro clínico do filho ou da filha dela. O Hospital Infantil Sabará tem toda uma visão de tentar fazer que a internação da criança seja o menos traumática possível”.  

Ao pensar sobre os desafios apresentados atualmente à profissão, a pediatra defende uma conduta médica baseada em evidências científicas e destaca também a necessidade de uma atuação mais empática. “Ser médico hoje em dia tem o lado clínico, de orientação, de acreditar em si na ciência, mas tem uma parte muito importante humana de olhar o lado do paciente, de olhar as aflições porque não somos somente o nosso corpo”, enfatiza Faleiros. 

 

Conhecimento em prol das crianças  

Ser responsável pelo cuidado da saúde exige também o aprimoramento técnico e humano constante. Para nós, o conhecimento é um valor essencial, pois acreditamos nele como instrumento de transformação da sociedade. Através da atuação conjunta com o Instituto PENSI – entidade dedicada à pesquisa e ensino em saúde infantil, que assim como o Sabará, faz parte da Fundação José Luiz Egydio Setúbal -, promovemos assistência às nossas crianças e contribuímos para a difusão de conhecimento científico pediátrico para famílias, profissionais de saúde e a sociedade em geral.

A inovação em benefício dos pacientes faz parte do cotidiano do nosso hospital pediátrico. Nos últimos tempos, um dos grandes passos que demos nesse sentido foi a incorporação da telemedicina nos nossos serviços, após a chegada da pandemia de Covid-19 e a autorização do atendimento remoto (Lei 13.989) durante a crise causada pelo coronavírus. Como parte da equipe de pediatras que começou a realizar a teleconsultas, Nisenbaum conta que, inicialmente, era contra à modalidade. Porém, mesmo após quatro décadas de experiência, o médico demonstra como o aprendizado é contínuo quando se está aberto para isso: “Eu sou a favor agora, eu mudei de opinião depois que eu comecei a fazer [o atendimento remoto]. A gente tem uma opinião, mas não quer dizer que a gente não possa mudar. Eu acho que a telemedicina veio pra ficar e é muito boa essa tecnologia como complemento da medicina tradicional”. 

Antes de começarmos a incorporar a telemedicina no nosso dia a dia, realizamos um amplo treinamento do corpo clínico, tanto de preparo técnico do uso da plataforma utilizada para os atendimentos, como também no estabelecimento de alguns critérios durante as consultas. Uma das condições, por exemplo, é que a criança sempre esteja presente durante o atendimento. Para nós, é fundamental garantir que a qualidade do atendimento virtual seja a mesma oferecida para as famílias na consulta presencial.

Após um ano e meio realizando teleconsultas, Nisenbaum divide a satisfação que encontrou  ao ampliar a assistência médica para os casos simples de urgência, através das consultas on-line: “Muitas vezes você consegue orientar a família, consegue fazer um diagnóstico. Às vezes, é um problema de pele ou a criança está com uma diarreia, por exemplo, e você consegue ajudar, mandar uma receita, solicitar um exame”.

 

Cuidando da saúde das crianças, cuidamos do nosso futuro 

Em busca de oferecer um cuidado integral e acolhedor às nossas crianças e familiares, gerações diferentes de médicos vão se encontrando no Sabará Hospital Infantil e fortalecendo nosso propósito em defesa de uma “Infância saudável para uma sociedade melhor”. “Que a gente possa desde a infância promover saúde para que essas crianças cresçam bem, tornem-se adultos com hábitos saudáveis e adultos que vivam mais e melhor”, deseja a jovem Dra. Faleiros.

Aos médicos que atuam com tanto carinho e comprometimento no cuidado das nossas crianças e adolescentes, e também aos que levam assistência em tantos outros espaços, deixamos aqui nossa gratidão.

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