Como os primeiros mil dias de vida impactam no desenvolvimento da criança  - Hospital Sabará
Como os primeiros mil dias de vida impactam no desenvolvimento da criança 
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Como os primeiros mil dias de vida impactam no desenvolvimento da criança 

Os primeiros mil dias na vida da criança refletem muito nas condições de saúde e desenvolvimento que ela terá no futuro. Esse período, que corresponde às 40 semanas de gestação (270 dias) somados aos dois primeiros anos de vida (730 dias), foi tema de uma série de estudos publicados, a partir de 2008, pela revista inglesa de medicina Lancet. Desde então, organizações de todo o mundo têm chamado a atenção para o quanto aspectos como nutrição, estimulação e proteção adequadas, especialmente nesta fase, são essenciais para que a criança atinja todo o seu potencial de crescimento e se torne um adulto saudável.  

Engajada nessa causa, a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) tem realizado a campanha Fevereiro Safira – Primeiros mil dias: pelo futuro das crianças. De acordo com Rubens Feferbaum, presidente do Departamento de Nutrição da SPSP e coordenador da campanha, “a escolha desse período da vida se deve ao crescimento acelerado, tanto físico quanto do sistema nervoso – cerca de 80% do cérebro se desenvolve nesta fase – e a importância dos nutrientes e estímulo adequados que favoreçam a saúde e o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança para a fase adulta”. 

Por isso, o acompanhamento e a assistência médico-social nesses anos iniciais podem ser decisivos para todo o ciclo de vida. Porém, vale dizer ainda, que apesar da campanha focar a partir da gestação da mulher, os cuidados devem se iniciar antes da concepção, garantindo às futuras mamães alimentação adequada, entre outros fatores, importantes para uma gestação saudável tanto para ela quanto ao bebê.   

Fortalecendo essa corrente de conscientização, no texto de hoje, vamos trazer algumas questões de saúde que se deve ficar atento, especialmente, durante a gravidez. E ainda vamos falar de alguns casos mais complexos, que quando identificados na gestação, podem ser tratados e, assim, reduzir o risco de comprometimento do desenvolvimento da criança. Continue a leitura!        

 

Pré-natal: cuidados essenciais com o bebê e a mãe 

É a partir da gestação, quando o feto começa a se formar na barriga da mamãe, que se iniciam os cuidados mais diretos de apoio e preparo para a vida saudável do bebê. Como já destacamos, a nutrição é um dos aspectos fundamentais para o desenvolvimento da criança, por isso durante o pré-natal uma das preocupações principais é com a alimentação. É importante garantir que a mãe tenha uma dieta balanceada, com a ingestão dos nutrientes essenciais, pois o déficit de algumas substâncias pode ocasionar baixo peso do bebê ao nascer e prematuridade e, em excesso, pode gerar recém-nascidos com peso aumentado. 

Uma das vitaminas que não podem faltar para a gestante, por exemplo, é o ácido fólico, pois evita malformações no tubo neural do feto, estrutura que dará origem ao cérebro a à medula espinhal. Nesse caso, o ideal é que o nutriente seja introduzido três meses antes da gravidez. Através de acompanhamento, o médico obstetra poderá verificar toda a dieta da gestante e fazer as suplementações necessárias.    

A obstetra e integrante do Programa Terapia Fetal e Neonatal do Hospital Sabará, Dra. Silvia Fontoura Herrera, explica também a importância do pré-natal na prevenção ou detecção de doenças. “A mãe tem toda uma rotina de exames para saber se é uma gestação de baixo risco porque têm várias doenças que podem aparecer por conta da gravidez, por exemplo, uma pré-eclâmpsia, uma diabetes gestacional. Então, exige uma série de cuidados com a mãe para que ela tenha uma gestação saudável”, ressalta.

 

Complicações na gravidez podem afetar o desenvolvimento da criança

O diabetes gestacional – caracterizado pelo aumento dos níveis de glicose no sangue durante a gravidez – é uma das situações que podem impactar no desenvolvimento da criança. Herrera explica que, nesse caso, o bebê pode ter um peso acima do esperado, o que pode ocasionar traumas ao recém-nascido durante o parto por conta do seu tamanho, além do risco de hipoglicemia – queda nos níveis de açúcar – após o nascimento. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, crianças expostas a grandes quantidades de glicose ainda no ambiente intra-uterino têm maior risco de obesidade e diabetes na vida adulta. Porém, a entidade destaca “que a maioria das gestações complicadas pelo diabetes, quando tratada de maneira adequada, terá um excelente desfecho e os bebês nascerão saudáveis”.

 A pré-eclâmpsia – caracterizada pelo aumento da pressão arterial e presença de proteína na urina após 20 semanas de gestação – também oferece sérios riscos à mãe e ao bebê. A Dra. Herrera conta ainda que a doença pode comprometer o crescimento do feto e a saúde futura da criança. “Hoje existem vários estudos que mostram que o bebê que foi pequeno intra-útero tem maior risco de obesidade e doença cardiovascular na vida adulta. Então, é um risco que ele carrega para a vida inteira, uma sequela que vai afetar a vida toda.”, afirma.

Quadros de pré-eclâmpsia podem evoluir para eclâmpsia, uma forma grave da doença, colocando em risco a vida da mãe e do bebê. Nessas situações, muitas vezes, é necessário antecipar o parto. É para que gestante e feto possam receber todo o amparo em uma situação como essa, ou em outras eventuais intercorrências, que se faz tão fundamental a realização do pré-natal. Somente com acompanhamento, é possível fazer a prevenção e identificação de possíveis causas de partos prematuros ou de outras complicações, abrindo a oportunidade para o tratamento necessário.

 

Acolhimento de mães e bebês: casos de malformação atendidos pelo Sabará

Por sermos um hospital pediátrico, aqui no Sabará Hospital Infantil não realizamos o pré-natal de gestações de baixo risco ou com algumas das complicações mais comuns citadas acima. No entanto, nos casos de bebês com malformações e doenças genéticas, essas gestantes podem realizar todo o seu acompanhamento conosco.  

Através do Programa de Terapia Fetal e Neonatal, a gestante passará pelos exames e procedimentos diagnósticos, por consultas de medicina fetal, atendimento pré-natal e também com os médicos especialistas que cuidarão do recém-nascido. A Dra. Herrera explica que, em alguns desses casos, o bebê precisa de atendimento logo após o nascimento, como em situações de malformação cardíaca. “Não dá tempo de transferir esse bebê para um centro. Então, a gente dá toda a assistência porque nossa equipe é multidisciplinar para esse bebê que vai precisar de uma correção imediata”, destaca.

Para isso, o parto é realizado no Sabará e conta com um diferencial importante: uma equipe de profissionais de mais de 32 especialidades pediátricas. De acordo com as necessidades do bebê, os especialistas que acompanharam a mãe durante a gestação e que estão a par de todo o caso, já ficam prontos para iniciar o tratamento neonatal necessário logo após o nascimento. 

O Programa Terapia Fetal e Neonatal do Hospital Sabará é o primeiro serviço do país a integrar dentro de um hospital infantil um serviço de medicina e cirurgia fetal, o que permite assim o atendimento integral de gestantes com fetos com qualquer tipo de malformação. 

 

Outras malformações possíveis de serem corrigidas ainda dentro do útero 

Com a técnica fetoscópica, a equipe do Programa de Terapia Fetal e Neonatal tem realizado correções de outras anomalias. Entre elas, está a Brida Amniótica – quando partes das membranas que envolvem o saco amniótico se enrolam nos braços, pernas ou outros locais do corpo do feto.

Sem circulação sanguínea em partes do corpo, os bebês acometidos por essa síndrome podem ter deformidades e até perda de membros. Dessa forma, a intervenção ainda durante a gestação pode ser decisiva. “Se você consegue detectar antes, você consegue fazer uma intervenção para queimar essa membrana e liberar o membro”, aponta Herrera.

Outra questão que tratamos é a síndrome transfusor-transfundido, que ocorre quando bebês gêmeos compartilham uma única placenta ocasionando um desequilíbrio na circulação placentária. Essa condição leva ao maior crescimento de um feto em detrimento do outro por não ter uma distribuição suficiente de oxigênio e nutrientes para um dos bebês. Com auxílio do laser, realizamos a separação dos vasos placentários.  

Para conferir todas as doenças tratadas intra-útero pela equipe especializada do Sabará Hospital Infantil, visite a página do Programa de Terapia Fetal e Neonatal. E caso deseje ainda mais informações, é só entrar em contato com o nosso Canal de Apoio aos Pais (CAP) pelo whatsapp (11) 97068 1924.

 

Saiba mais:

https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/sabara-realiza-exame-em-gestantes-para-avaliacao-do-feto/

 

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