Perguntas frequentes
1 – Quais são os principais riscos que a anestesia pode trazer para as crianças?
Na atualidade o grande avanço tecnológico, farmacêutico e principalmente no conhecimento científico proporcionam qualidade e maior segurança nos procedimentos anestésicos. Contamos com equipamentos de monitoração que nos permitem avaliar em tempo real a função cardíaca, respiratória, resposta muscular, consciência, dentre outros. Os medicamentos também são mais seguros com menores efeitos sobre os diversos órgãos e sistemas, proporcionando maior segurança.
Portanto, fica claro que o risco anestésico se relaciona muito mais às condições clínicas da criança do que ao ato anestésico em si. Crianças saudáveis possuem baixo risco para qualquer tipo de complicação. Entretanto, crianças portadoras de doenças ou recém-nascidos prematuros possuem risco aumentado, mas isso só é possível avaliar no momento em que o anestesista conhece o paciente.
Sendo assim, fica evidente a importância da consulta de avaliação pré-anestésica, realizada com o médico anestesiologista. Neste momento, o médico conversa com os familiares da criança, conhece o quadro clínico, realiza exame físico, esclarece sobre os possíveis riscos, sobre a técnica anestésica e orienta como os pais devem preparar as crianças para se realizar uma anestesia com o máximo de segurança.
2 – Quais são as técnicas anestésicas utilizadas em crianças? Quais são seus efeitos?
As técnicas anestésicas utilizadas nas crianças são as mesmas que usamos nos adultos, ou seja, anestesia geral, bloqueios de neuroeixo e periféricos.
A grande diferença da população pediátrica são alterações anatômicas e fisiológicas que ocorrem a partir do nascimento, modificando seu organismo durante o crescimento até a puberdade. Estas modificações interferem na forma como o organismo da criança responde à anestesia, portanto, o médico anestesista possui conhecimento e experiência com esta faixa etária para administrar qualquer um dos tipos de anestesia na criança.
A anestesia na criança, na maioria das vezes, é associada a uma técnica de anestesia geral, pois esta população não tem condições de ficar acordada durante um procedimento cirúrgico. Assim, com grande frequência, utilizamos uma técnica que se inicia com a criança respirando um gás anestésico e após seu adormecimento, puncionamos veia para administrar medicações venosas, que serão usadas conforme a necessidade de cada caso.
A anestesia geral proporciona inconsciência, ausência de dor, relaxamento muscular e hipnose, dentre as modalidades de anestesia geral, podemos variar desde anestesia geral leve até a profunda, dependendo da necessidade de cada caso. Anestesia geral leve, conhecida como sedação, permite realizar exames diagnósticos ou ainda ser associada a bloqueios para cirurgias pequenas, como exemplo as correções de hérnia ou fimose. A anestesia geral profunda permite realizar cirurgias de grande porte, como exemplo cirurgias cardíacas, transplantes e outras.
Após se estabelecer a anestesia geral, podemos associar técnicas de bloqueios, ou seja, anestesias locais ou regionais. Como nos adultos, podemos optar por um bloqueio de neuroeixo como a raquianestesia ou a peridural que proporcionaram anestesia de uma determinada região do corpo, ocorrendo insensibilidade e ausência de dor nos membros inferiores até a região da cintura abdominal. Os bloqueios periféricos proporcionam insensibilidade e ausência de dor em determinado segmento, como exemplo em um braço, em parte da parede abdominal e outros conforme o local que será realizada a cirurgia.
3 – Quais procedimentos necessitam de anestesia?
Muitos procedimentos médicos necessitam de anestesia em crianças, desde exames diagnósticos até as cirurgias. Os exames de imagem, como tomografia, ressonância magnética, ecocardiografia e outros são indolores, nestes procedimentos realizamos uma anestesia geral leve, pois a criança precisa apenas se manter imóvel. Alguns exames são dolorosos, como exemplo as biópsias, necessitando de anestesia um pouco mais profunda, possibilitando que a criança também não sinta dor durante o procedimento.
4 – Em recém-nascidos existe a possibilidade dos pais adiarem um pouco alguns procedimentos cirúrgicos, para que a criança cresça e se torne mais tolerante aos efeitos da anestesia?
Recém-nascidos prematuros possuem imaturidade dos diversos órgãos e sistemas que implicam em alguns riscos, porém como já disse anteriormente, os avanços médicos permitem que se realizem anestesias em crianças com poucas horas de vida com muita segurança, para isso é importante que o médico anestesista conheça com detalhes a história clínica deste neonato, na consulta de avaliação pré-anestésica, assim pode programar a técnica que proporciona o menor risco possível e algumas vezes mantém este bebê sob monitoração no pós-operatório para acompanhar seu reestabelecimento.
Na maioria das vezes, quando existe uma indicação de cirurgia, não é possível se postergar o procedimento por muito tempo. Em alguns casos, nos quais a indicação é estritamente eletiva, ou seja, não é emergência ou urgência que implica em risco de vida, pode-se aguardar para realizar o procedimento. O crescimento não proporciona “tolerância” à anestesia, mas sim o desenvolvimento e maturação de diversos órgãos e sistemas tornam a criança menos susceptível aos efeitos indesejados da anestesia.
5 – Existem cuidados pré-operatórios que os pais podem colocar em prática ou ficarem atentos caso a criança precise tomar anestesia?
No pré-operatório é de extrema importância que os pais procurem preparar a criança para o procedimento anestésico-cirúrgico, tentado explicar, de forma lúdica, o que irá acontecer com uma linguagem apropriada à faixa etária pediátrica. Falar a verdade é muito importante, pois mentir ou omitir pode fragilizar os laços de confiança.
Outro aspecto de extrema importância é o cumprimento do período de jejum adequado ao tipo de alimento e à idade da criança. O não seguimento das orientações do jejum implicam em riscos de regurgitação durante a anestesia, aumentando o risco do procedimento anestésico.
6 – Quais cuidados são importantes em relação ao pós-operatório?
No período pós-operatório imediato, logo que a criança desperta da anestesia, algumas podem apresentar agitação e irritabilidade. Neste momento, recomenda-se confortar a criança, no entanto, em alguns casos é necessário o uso de medicações calmantes para controlar estes sintomas e permitir um novo despertar mais tranquilo.
Cada tipo de procedimento cirúrgico necessita de cuidados específicos. Para todas as crianças submetidas à anestesia, desde que não haja restrições alimentares, é importante recomeçar a ingestão de alimentos com líquidos sem gorduras, como água, chás e sucos de frutas, em pequenas quantidades, para depois permitir alimentos sólidos, assim, diminuindo o risco de náuseas neste período.