
Centro de Excelência do Sabará traz olhar multidisciplinar para a nutrição, com melhora de hábitos alimentares para toda a família
Mudar o padrão alimentar durante a infância evita comorbidades e impacta a qualidade de vida a longo prazo
Um dos diferenciais do Sabará, o Centro de Excelência reúne mais de 30 especialidades, todas trabalhando de forma integrada. Quando falamos de nutrição, esse olhar multidisciplinar é essencial, já que a alimentação é um tema complexo e que permeia a infância de forma significativa. Analisar as necessidades complexas da criança com questões nutricionais é essencial para evitar problemas no desenvolvimento, distúrbios alimentares e doenças crônicas.
“Aqui no Sabará, temos o Ambulatório de Nutrição focado na questão da obesidade, que é uma doença crônica, de prevalência crescente e com complicações associadas. Também temos um ambulatório voltado para prematuros, no qual cuidamos da evolução do peso, complicações cognitivas e outras questões. Todo paciente complexo precisa de um olhar voltado para a parte nutricional. Crianças com síndrome de Down, por exemplo, podem ter complicações ligadas à obesidade e compulsão alimentar, e ensinar a família a organizar a rotina alimentar dessa criança e adolescente faz parte do cuidado complexo e evita problemas de saúde a longo prazo”, explica a Dra. Alessandra Coelho, nutricionista do Sabará.
Olhar multidisciplinar é pilar do tratamento da obesidade no Sabará
De acordo com a especialista, olhar para quadros de obesidade de forma precoce é essencial para evitar impactos significativos na saúde da criança e do adolescente. “Muitas vezes, essas crianças já chegam no hospital com alterações como resistência à insulina, hipertensão de difícil controle, compulsão alimentar, colesterol alto, além de complicações como comprometimento emocional e psicológico. E existe resistência da família a olhar para esse tipo de diagnóstico, já que a criança gordinha ainda é vista como saudável. Precisamos trazer mudanças para a vida dessa família com delicadeza, parceria e, sempre que possível, inserindo em um perfil de atividade física sem riscos e alimentação regrada”.
A alimentação é um aspecto da vida profundamente cultural, e cada família tem sua tradição, cultura e hábitos alimentares específicos. Para a nutricionista, mais do que o alimento em si, o que importa para a criança é o significado dos rituais e os momentos compartilhados na mesa de jantar.
“A alimentação tem um viés muito cultural, e às vezes a família não percebe que algumas atitudes podem complicar os diagnósticos que já existem. Além de falar com a família, é preciso também que exista uma contribuição da escola, de todo o meio em que a criança está inserida. Tínhamos no ambulatório uma criança na faixa dos 10 anos com obesidade e alterações de dislipidemia, e toda sexta a família liberava o consumo de fast food e em grande quantidade. O hábito da semana não era bem estruturado, e a somatória do padrão alimentar teve um impacto significativo. Quando abrimos um novo leque de opções, a criança foi muito participativa, porque para ela o que importava era o momento familiar”.
Cuidado nutricional é essencial em diagnósticos de neurodivergência durante a infância
Com o crescimento das ferramentas de rastreio e o olhar treinado para alterações significativas, o diagnóstico de transtornos do neurodesenvolvimento acontece cada vez mais cedo. Para essas crianças, cuidar do lado nutricional é essencial para trazer qualidade de vida e diminuir comorbidades causadas pelos transtornos.
“Como uma criança desnutrida que tem seletividade alimentar vai ganhar peso? Esse paciente precisa de intervenção de psicólogo, muitas vezes também de fonoaudiólogo. Hoje, trabalhamos muito aqui no Sabará com crianças com TEA e TDAH, mostrando que a nutrição tem um papel relevante no cuidado desses pacientes. Nesses casos, a família também tem um papel muito importante, porque mudança de hábitos demanda exemplo na prática. Apesar da obesidade, por exemplo, ser um diagnóstico individual, quando eu mudo o hábito da família, eu mudo tudo”, completa a especialista.