Um hospital durante a pandemia: como o Sabará se adaptou a esta nova era
A pandemia de coronavírus provocou mudanças profundas em todo mundo e, no Hospital Infantil Sabará, não foi diferente. As alterações realizadas tanto na rotina quanto na estrutura da instituição foram tema da mesa “Estratégias de enfrentamento à COVID-19”, realizada no dia 20 de novembro como parte da programação do 5º Congresso Internacional Sabará de Saúde Infantil.
A apresentação começou com o Dr. Francisco Ivanildo, infectologista e gerente de qualidade assistencial do Sabará, compartilhando a experiência do hospital durante a pandemia e as adaptações feitas para este momento desafiador. Ivanildo contou que, no fim de janeiro, quando a doença ainda era vista de longe em outros países, o corpo clínico do hospital já recebeu orientações para o cuidado no manejo de casos suspeitos, como avaliação em sala privada e uso de máscaras de proteção tanto por parte do paciente como do profissional. O médico lembra que naquele momento já “começávamos a tomar as primeiras medidas para criação de um plano de prevenção contra a disseminação da Covid-19 dentro do hospital”.
Posteriormente, conhecendo um pouco mais a evolução do vírus, as pesquisas já começaram a apontar que as crianças não estavam no grupo de risco da doença. O desafio então se tornou garantir que pais e profissionais se sentissem seguros em ir ao hospital para seguirem com o acompanhamento de rotina e os tratamentos de quadros crônicos. Para a retomada de cirurgias eletivas, por exemplo, foram adotadas algumas ações como a realização no paciente do exame PCR entre 48 e 72 horas antes do procedimento, a entrega de máscaras para a família e a criação de uma entrada e fluxo de atendimento completamente separado para os pacientes com queixas respiratórias.
Telemedicina
Outro setor do hospital que teve mudança foi o pronto atendimento. Uma das principais inovações trazidas nesse serviço, além da adoção de todos os protocolos de higiene e segurança, foi a implementação da telemedicina. A abordagem foi trazida pelo Dr. Thales Oliveira, supervisor do pronto-socorro do Sabará Hospital Infantil e membro da comissão científica do congresso. Ao falar sobre o “uso da telemedicina no enfrentamento à Covid-19”, Oliveira destacou que a teleconsulta de urgência foi a primeira modalidade implementada pelo hospital com o cenário da pandemia.
O médico conta que ao perceberem o receio das famílias de virem ao hospital, surgiu a questão: “Uma preocupação que a gente começou a ter foi: essas crianças que não estão vindo mais no pronto-socorro como a gente pode ajudá-las?”. Para auxiliar essas famílias e evitar deslocamentos desnecessários, o hospital passou a atender casos mais simples de assistência médica por consulta remota.
O fechamento da mesa, foi feito pelo Dr. Renato Kfouri, Presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Com o tema “Perspectiva de vacinas para o coronavírus: o que temos para hoje?”, o médico falou das diferenças entre o desenvolvimento tradicional de uma vacina e o que é feito em uma pandemia e também apresentou os principais estudos publicados recentemente. Nesse sentido, Kfouri fez uma análise detalhada das 11 vacinas, que estão neste momento na fase 3, última etapa antes do pedido da obtenção do registro sanitário para aplicação na população.
A mesa Estratégias de enfrentamento à COVID-19 foi mediada pelo Dr. Ary Ribeiro, CEO do Sabará Hospital Infantil, e pelo Dr. Nelson Horigoshi, gerente Médico da Unidade de Terapia Intensiva do Sabará Hospital Infantil. No fim do debate, Dr. Ary destacou a importância dos temas tratados citando o propósito da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, mantenedora do Sabará Hospital infantil. “Eu tenho plena certeza que todos nós aqui hoje contribuímos para aquilo que chama o nosso coração, que é o alinhamento com o ‘propósito de uma infância saudável para uma sociedade melhor’ ”ressaltou.
Dr. José Luiz Setúbal (CRM-SP: 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com Especialização na Universidade de São Paulo (USP) e Pós Graduação em Gestão na UNIFESP. Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás e David.